Soneto de arrumação



Soneto de arrumação

Abri aquelas duas portas
Afastei os panos negros
Comprimi, então, tais vestes
E pendurei o cheiro do azul

Já as outras, emperradas
Cederam ao atropelo, 
Soltaram seus parafusos 
E derramaram o vermelho

Abri uma gaveta, retirei o tempo
E me vesti de espaço
E sai às ruas, com tantas cores e tantos passos

Contei quadrados, azulejos, paredes e retornei
Arrumei o armário, fechei os olhos e vi
Que acabara de organizar o amor.


Deysi Moura 

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